Para ajudar vendedor do Rio, pais pagaram por sacos de pipoca antecipadamente
PixabayEnquanto os pais de uma escola da zona sul do Rio de Janeiro quebravam a cabeça para pensar no que fazer com os filhos durante o período de quarentena, uma mãe, Tatiana Malafaia, teve o seguinte pensamento: "E o que vai acontecer com o pipoqueiro que trabalha na frente do colégio?"
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Gilberto e Paulo, pipoqueiros
Arquivo pessoal / Paulo Roberto FrançaPara garantir que o vendedor ambulante Paulo Roberto dos Santos, que trabalha ali há 7 anos, não ficasse sem qualquer dinheiro durante o período de isolamento por causa da pandemia do coronavírus, Tatiana decidiu convencer outros pais a comprarem antecipadamente os saquinhos de pipoca.
Tatiana, mãe de uma menina na escola tem familiaridade com planejamento, afinal é isso o que faz em sua atividade, de manutenção industrial. "Foi uma forma de ajudá-lo sem constrangê-lo. Várias mães nem pretendem retirar o voucher", explicou. "Nós passamos o dinheiro para ele e quando voltarem as aulas eu vou imprimir a planilha para ele ir debitando, de acordo com os pedidos."
Montou uma planilha no Excel, anotou nome por nome dos 63 interessados em ajudar, as respectivas encomendas e comunicou o Tio Paulinho, como é conhecido pelas crianças dali, apesar de ter apenas 24 anos.
Com a iniciativa, Paulinho juntou R$ 2.400 antes de entregar qualquer unidade. O valor é o equivalente a 800 saquinhos de R$ 3. "R$ 2.000 eu recebi da Tatiana e o restante foi de gente que soube dessa história e me procurou", contou o vendedor.
"Foi uma ideia muito inteligente, que eu jamais teria pensado. É para a gente ver que ainda tem muita gente que se importa com o próximo", disse ele.
Paulo Roberto explica que as entregas ocorrerão a partir do primeiro dia após o fim do isolamento. "Mas olha só que interessante o que ela [Tatiana] bolou. Eu faço o pagamento das encomendas de segunda a quarta-feira e fico com a quinta e a sexta livre para vender, para não ficar sem lucro nenhum nesses dias."
A ideia fez sucesso e já ganhou frutos. Dois outros pipoqueiros em sua família também receberam ajuda similar. "Meu pai [Gilberto de Souza França], com quem comecei a trabalhar, recebeu R$ 200 antecipados e meu tio, Antonio, também parece que vai ganhar uma ajuda dos professores do colégio dele, no centro da cidade."
"Minha família tem muito pipoqueiro, adoro ser um e não tenho a mínima vergonha disso", afirmou Paulinho. "A pipoca está no sangue", brincou.